novembro 06, 2010

O Final, via Twitter

O Guilherme terminou com a Aline e a coisa foi feia. Sei disso porque li no perfil dele no Twitter: "Terminou meu casamento com a @aline infelizmente nem amizade ou consideração restou, por parte dela. #fato".
Pratos estão sendo quebrados, com aquela dose de ironia e agressividadeque só pessoas que gostaram um dia podem ter: "Estou sendo acusado pela ex-esposa de ter adulterado as senhas de seu Twitter e contas de e mail. Querida, se fosse assim, estava no Pentágono."
Eu fiquei sabendo do drama pessoal de Guilherme porque me mandaram um link, mas 778 pessoas acompanham a situação toda em tempo real no perfil dele.
Ninguém tem 778 amigos próximos, nem mesmo conhecidos para os quais falaria uma coisa dessas ao vivo. Grande parte dos seguidores de Guilherme são então completos desconhecidos.
Já tinha lido sobre como uma nova geração tem uma visão menos exigentesobre privacidade do que as precedentes, mas nunca tinha visto a coisa assim, ao vivo.
É um pouco como um acidente de carro. Não dá pra dizer que tu realmente ligue para as pessoas que estão envolvidas, mas mesmo assim todo mundo olha. A curiosidade mórbida é pior que a indiferença, nesse sentido.
Claro que ninguém se acidenta de carro porque quer. O advento de Internet 2.0 permite que milhares de pessoas estrelem acidentes de carro para um público desejoso de voyerismo descomprometido.
Um engano comum é pensar que novas tecnologias são boas por si. Outro é achar que a concepção de mundo das novas gerações é sempre superior à da sua antecessora.
Me chamem de retrógrado, mas eu acredito que a contenção é uma virtude, que as confissões são para os amigos de verdade e que espionar o drama alheio como uma forma de diversão não é legal.

Maurício Renner